domingo, 20 de março de 2011

TUNISIA - Afrique du Nord



DIAS SOMBRIOS. TÚNES



Freder. Catarina.



FREDER PAZ
   Injustiçada enquanto o peito desfazia-se em mágoa! Nas lágrimas da vergonha, assim foi ela arrastada ao cárcere! e agora é prisioneira em um interrogatório sem igual. Não Deus! Essa vida não me quer um ser normal! Enquanto daqui antevejo minha amada, da tua resignação divina privada, és como o pérfido e vil espírito dessa mundana em minha cama!, sendo alfinetada pelos do barco guardiões. os mais carrascos entre os vermes percevejos! Revolve os teus olhos, diabólica! e não penses em pérfido pensamento, neste teu rosto monstruoso, desenhar o sádico momento numa insuportável imagem que tua imaginação doentia e profana, não ouse traçar! Isso tudo me ocultaste!, tua cruel e vagabunda presença me agasta! A tempestade vem e o mar e seus porcos trabalhadores continuam!, amuam-se em suas miseráveis existências que para mim, isso aqui, basta!
   Prisioneira! Agora tomará uma advertência alta, essa que só a Deus tece clemências! Injustiça insuperável para aquele que lhe quer sorridente e adorável! entregue aos chulos oficiais e a justiça profana, teriam os anjos que regem em mais doce cântico, nas mãos das assas aos céus, tornados todos insanos? E tu me embalavas em distrações mundanas e fúteis, escondendo de mim o destino negro que a tangia enquanto me ornava em tua macia orgia! A deixaste arruinar sem ajuda nenhuma!

CATARINA HELM
   Ela não é a primeira.

FREDER PAZ
   Ave! És ave em tua adorável estatura enquanto a todos seduz! Volta-se a ser e voa de novo para o inferno, como vieste a mim num dia de sole terno, observava-te o seu show começar! Eras delicada em pele do soturno animal, que logo não percebi, ao seres negro em ti, o abutre que és. Transforma-te de novo em figura pequena, que esmagar-te poderei no chão até sua ultima pena! Desgraçada! Não é a primeira! Ainda dás-te á ironia! Incompreensível é, a qualquer dos justos, que mais de uma das santas haja caído em tenebrosas teias, agentes, oficiais do caralho! sem que dessa injustiça hajam mudado as regras! Tem mesmo todos as caras de carvalho negro. Isso me estraçalha a resignação e a vida do mar. dessa ruína era a única criatura que isso não merecia! E vos encarniceis impassíveis ante os destinos de milhares! Queria ver um de vos ao mar entregues sem botes vidas alhures!

CATARINA HELM
   Eis que nos encontramos nos limites da loucura outra vez! No auge do monte onde o bonde perde por completa a razão, pergunto-lhe uma por vez. Porque fazes acordo com o Mago se não podes cumprir? Não te sentes seguro ante a vertigem? Acaso fui eu que te procurei, ou ao contrário, foste tu que vieste a mim babando, intocável rei?

FREDER PAZ
   Não apertes tuas unhas vorazes contra minha pele! Enojas-me! Oh espírito libidinoso que levantaste em mim tais hediondos desejos, por que deixas-te que se aproximasse de mim tal egoísta criatura? Não me alertaste que ela se alimenta da desgraça e se ceva com destroços?

CATARINA HELM
  Terminou!

FREDER PAZ
   Que caiam maldições sobre ti por toda eternidade!

CATARINA HELM
   Não posso no julgamento da inútil fazer parte. Salva-a! quem a colocou nesse abismo, eu ou tu?

(Freder olha em redor com rancor.)

   É justo que tais decisões não tenham sido dadas aos tolos tripulantes! Destroçar uma inocente que encontra por ai, isso é arte para renomados tiranos, quando querem livrar-se da terna bondade.

FREDER PAZ
   Leva-me até ela! Onde é a nefasta sala?

CATARINA HELM
   Pensas no perigo a que te expões! É preciso que saiba que ronda pelo navio, na nobre tirania, rumor que és hábil em estratégia e desejas a ordem mudar. Quer a todos tua sabedoria impor!

FREDER PAZ
   Não me importa mais que redundam essas palavras a tanto execradas. Conduze-me até lá!

CATARINA HELM
   Conduzo-te!, contanto escutas o que devo fazer! Tenho eu muito poder sobre o céu e a terra nesse barco. Ao guarda da porta pretendo seduzir, seus sentidos são tolos e será fácil o redimir! Entras com calma e conduz a jovem educadamente para fora, para que possam conversar. Os pós mágicos estão prontos e vos guiarei! É tudo que posso fazer.

FREDER PAZ
   Vamos daqui e rápido!







NOITE.


EM PLENA PRAÇA TUNÍSIA.



Freder e Catarina caminham pelos corredores até os negros aposentos do Security Office.



FREDER PAZ
   Parece um prostíbulo! Por que ao redor tanta gente?

CATARINA HELM
   O que compreendes disso? Aqui o meu coração já ferve!

FREDER PAZ
   Sobem e descem; se inclinam e rumam capciosamente!

CATARINA HELM
   Intensa drogaria! É o centro do feitiço!

FREDER PAZ
   Algo refina e consagram de forma extravagante!

CATARINA HELM
   Passemos rápido! Adiante!







CÁRCERE


EM CARTAGO.



Do Desembarque.


FREDER PAZ (no corredor em frente á sala de reuniões onde se encontram Verônica, os oficiais e o capitão.)
 
   Essa desgraça em volta desatina
   Atrás da parede alguém domina
   Numa cela doentia onde da vida arruínas,
   Hesitas a buscá-la! mesmo sendo o crime dela fantasia!

                  (segura o trinco e escuta do interior)

   Esse navio, senhor tratante,
   Minha alma destroçou!
   Em terra fria eu era serena!
   Vivo agora como se cumprindo pena.
   No mar, à proa, no mar!
   Nos intervalos a me revoltar.

FREDER PAZ (entrando na sala)
   Não quero levem-me á suspeita,
   Estou aqui, aquele que há meses o senhor espreita!
   Que as correntes façam ruídos,
   Mas desejo ser ouvido!

VERÔNICA (escondendo o rosto com suas mãos)
   Terror! Já vêm! Mas que desembarque amargo!

FREDER PAZ (suavemente)
   Calma e em silêncio venho somente chamar-te,
   Quero te livrar disso, e uma oportunidade dar-te.

VERÔNICA (estorce-se na cadeira)
   Por que se compadece com tanta compostura?

FREDER PAZ
   Despertas assim os risos desses guardas da corte!

(tenta levantá-la puxando-a pelas mãos)

VERÔNICA
   Quem te deu tão alto poder
   Sobre o meu pobre ser?
   Buscar-me ao meio-dia!
   Apieda-te e deixa-me ficar,
   Em pleno alvorecer, não poderei desembarcar!

              (levanta-se)

   Sou tão jovem e querem-me descer!
   Não me agarre assim, com força, com mãos pesadas!
   Fiz mal? estou tão arrependida ao erro alada!
   Não faça-me que implore em vão e amargura,
   Não lembro-me jamais ter visto tua figura!

FREDER PAZ
   És minha conduta suportar tua postura!

VERÔNICA
   Entrego-me vencida e não tenho esperança.
   Contanto dizem que é só do início a lança,
   Nunca mais no mar, trabalho eu terei!
   Gente má a perseguir-me, o sei.
   Quem aplica a mim?

FREDER PAZ
   Escuta-me e saias desse choque!
   Venho levar-te da dor e desse cativeiro,
   Antes fosses dos nobres nalgum veleiro!

VERÔNICA
   Oh, deixa-nos de joelho!
   Invoco e louvo ao Altíssimo primeiro.
   Abaixo dos pés estive observando da soleira,
   Fervem e borbulham nesse inferno a poeira!
   É o infernal demônio, distribuindo o pó medonho.
   Furiosos e terríveis, fazem algazarras incríveis!

FREDER PAZ
   Verônica! Oh, Vero!

VERÔNICA
   É a voz dele, tão alta e querida!
   Onde está? Eu ouvi me chamava!
   Liberta, estou livre!
   Como me levaste do catre?
   Quero enlaçar-me em seus braços,
   Voar pelos sete mares,
   Em seu peito o meu peito descansará!
   Disse ele Verônica.
   Estou disposta, aqui e Vero,
   Em meio do clamor e infernal zombaria,
   Entregar-me ao doce amargo, atroz ironia!

FREDER PAZ
   Sou eu!

VERÔNICA
   És tu! És tu! Dize-mo de novo!

                            (abraça-o)

   Afasta o sofrimento, o horror à prisão!
   Vieste enfim! livrou-me da tormenta.
   Acaso sem receios, pega-me e violenta!
   As ruas árabes já enxergo lá embaixo,
   Onde a primeira vez esbarrei-te de repente.
   E os camelos tão risonhos,
   Venho em mente,
   Lascivo e repuxo
   Sonho!

FREDER PAZ
   Vem comigo! Vem!

VERÔNICA
   Aguarda e te detém,
   É um prazer esperar quando esperas.

                    (acaricia Freder)

FREDER PAZ
   Devemos apressar!
   Senão teremos um castigo guardado!

VERÔNICA
   Como? Não sabes mais beijar-me?
   Não queres mais amar-me!
   Por que terias receio junto a ti
   Que todo o céu junto a mim eu vi?
   Agarrava-me então quase a sufocar.
   Abraça-me,
   Enlaça-me
   Senão o faço eu!

                   (abraça-o)

   Que lábio frios de horror!
   Muitos gelados, estarias transtornado?
   Quem arrebatou o teu antigo calor?

                    (afasta-se dele)

FREDER PAZ
   Vem! Segue-me e não tenhas medo.
   Mil vezes te quero com profundo credo!
   Acompanha-me logo, não vês que te rogo?

VERÔNICA
   Não te reconheço mais com certeza!

FREDER PAZ
   Sou eu! escuta-me com clareza!

VERÔNICA
   Liberta-me das velas desta prisão.
   Podes-me aconchegar em tua ilusão?

FREDER PAZ
   Vamos que a noite densa já clareia!

VERÔNICA
   Por que tuas mãos estão umedecidas?
   Se não estou enganada, vejo-as mordidas?
   Ah Deus!, que fizeste! Horror!
   Recolhe a tua espada, peço-te, por favor!

FREDER PAZ
   Esqueces o que ficou para trás.
   Assim me obrigas ficar sem paz!

VERÔNICA
   Não! não deves descer!
   Ninguém mais ficará assim perto de mim!
   És como se me expulsasses da tua companhia,
   Mas por baixo ainda reconheço-te, terna energia!

FREDER PAZ
   Se nota que sou eu, então vem agora!

VERÔNICA
   Queres levar-me para fora?

FREDER PAZ
   Sim. Para a liberdade!

VERÔNICA
   O mundo árabe está espreito e escuro.
   Vais embora? Oh Paz! É atroz deixar-te!

FREDER PAZ
   Poderás, se o desejas! A ponte está aberta!

VERÔNICA
   Não deverei sair. Não terei mais futuro.
   Daqui fugir, isto é inseguro!
   Oh miséria sem fim, vagar em terra estranha!
   Oh miséria profunda, mendigar à gente imunda!

FREDER PAZ
   A teu lado prosperarei!

VERÔNICA
   Figura-te! Há com quê salvar-te?

FREDER PAZ
   Desse sonho de barco desperta!
   Um passo a mais e estarás liberta!

VERÔNICA
   Vejo-me sentada a mão sobre um rochedo;
   Sinto um calafrio que me revolve a sanha!
   A cabeça pesa, tenho eterno medo!

FREDER PAZ
   Sou forçado a tomar-te então com violência!

VERÔNICA
   Deixa-me, não e não! desprezo a força e o abuso!
   Não pega-me assim, tal fosso criminoso!
   Outrora não te deste amor, libidinoso!

FREDER PAZ
   Começa escurecer, querida! Vem, querida!

VERÔNICA
   Cada dia surge a aurora ardente como todas.
   Não digas a ninguém que conheceste Verônica.
   Ver-nos-emos ainda o creio em silêncio.
   Lá embaixo a multidão comprime-se
   Em praças e ruas o comandante redime-os.
   Bombardeios irão, até quando os conterão?
   Tudo me alucina e devo ao corpo render,
   O mundo, qual sepulcro, é indiferente e mudo!

FREDER PAZ
   Ah antes eu nunca tivesse subido!

CATARINA HELM (surgindo do lado de fora)
   Vamos embora daqui já! Senão estás perdido!
   Os ares da aurora aparecem
   E nos mares descerra!

VERÔNICA
   Quem se ergue da terra?
   É ela, é ela! Manda-a embora!

FREDER PAZ
   Deves viver!

VERÔNICA
   A justiça do navio ora me entrego!

CATARINA HELM (para Freder)
   Ou vens agora ou deixo-vos, os dois!

VERÔNICA
   A Ti pertenço fastidioso Mar!
   Qual vós anjos das cabines a limpar.
   Em derredor protegei-me e guardai-me!
   Freder, eu te contemplo, agora horrorizada!

CATARINA HELM
   Ela foi deixada!

VOZES VINDAS DO ALTO

Abandon ship! Abandon ship!


CATARINA HELM (para Freder)
   Vem comigo!

                       (desaparece com Freder)

VOZES (de dentro, sumindo)
Freder! Freder!

 



 

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 la Medina - Tunisia



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Tunisia - Afrique du Nord

Tunisia - Afrique du Nord

 

 o autor, Chaplin e o garoto. Túnes - Tunisia.

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EXTRAS.




rotina infernal soberana: eu, Justos e o wine seller

 comemorando reveillon 2010

à mesa os milagres: temporada Europa 2010




FIM


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