quarta-feira, 16 de março de 2011

COMUNE DI LIVORNO- Toscana. Italia.



COMUNE DI LIVORNO- TOSCANA. ITALIA.



EM FLORENÇA.



Freder conduz Verônica pelo braço. Catarina e Jedí passeiam pelo lado contrário.



VERÔNICA
   Vem procurar-me contanto é homem
   Viajado. De aventura estás habituado!
   Do que digo, nenhum agrado lho tem.

FREDER PAZ
   Estou cansado de tanta eloqüência,
   Contigo terei total paciência.

VERÔNICA
   Por que se incomodar!
   Como pôde beijar-me?

JEDÍ (dirigindo-se a Catarina)
   Tu, por que viajas tanto?

CATARINA HELM
   A isso me conduz prazer e encanto.
   Não seria errado dizer, um louco dever!

JEDÍ
   Isso serve durante a juventude.
   Rodar pelo mundo, trabalhar e passear.
   Mas e depois quando vier a plenitude?
   Não sente-se insegura de sozinha finar?

CATARINA HELM
   Desacostumei-me lançar vista no futuro.

VERÔNICA (vindo em sentido contrário e dirigindo-se a Freder.)
   Suponho tens amigos no mais alto grau.
   Sois mais inteligentes que eu, natural!

FREDER PAZ
   Isso tudo é vaidade da qual mo quero afastado.

VERÔNICA
   Como assim?

FREDER PAZ
   A simplicidade jamais exalta em si o seu valor.
   Ser modesto e humilde mostra-me a natureza
   Tal como és. Na sua mais alta cor, estimo a beleza!

VERÔNICA
   Tempo terei também de pensar com juízo.

FREDER PAZ
   Sempre estás solitária, eu friso.

VERÔNICA
   Minha ocupação é modesta e vária,
   Nos exige muita atividade.
   Somos serviçal em toda ária.
   Limpo varro e bordo; uma crueldade.
   Os soldados em tudo são vigilantes.
   Tenho saudades dos pais, do jardim,
   Tamanho são meus bens que penso assim.
   Gostaria de ter ao meu lado um ente adorado!

FREDER PAZ
   És o último anjo que vos tem falado.

VERÔNICA
   Depois que meu pai morreu,
   Julgamos que a mãe também fosse falecer.
   De tal foi que nossa angústia crescia,
   O mar trouxe a distância em demasia.

FREDER PAZ
   Sentiste com certeza alguma liberdade.

VERÔNICA
   Houve sim, não escondo-te da verdade,
   No meu leito tantas horas inquietas.
   A vida não é calma qual convém,
   Nontanto a mesa é farta; no navio vou bem.

                                       (caminham adiante)

JEDÍ
   Difícil entreter um bom empresário.

CATARINA HELM
   Desses estou cheia em meu fichário.

JEDÍ
   Fala franco, Catarina, nunca se apaixonou?

CATARINA HELM
   À honesta mulher não vem á pérola e ao ouro.

JEDÍ
   Nunca tiveste acaso algum afeto?

CATARINA HELM
   Sempre me recebem sem nenhum veto.

JEDÍ
   Não tens no coração algum amor?

CATARINA HELM
   Dos homens o calor; do peso o valor.

JEDÍ
   O que digo não entendes.
   Nem o que almejo.

CATARINA HELM
   Não! és tu que não mo compreendes:
   O amor é na real negócio benfazejo.

                                     (vão andando)

FREDER PAZ
   Não me reconheceste
   Quando cruzei a ponte comovido?

VERÔNICA
   A ti não viste. Olhava as jóias com estupor.

FREDER PAZ
   Perdoaste a liberdade, a audácia e o destemor,
   Que tive ao sair do Duomo. A ti redoma.

VERÔNICA
   Fiquei em confusão, o que quer que seja!
   Foi provocante e estive pouco recatada,
   Pareceu-me investir como alma que deseja,
   Fui logo por moça promiscua tomada!
   Confesso, todavia não sei como explicá-lo,
   Uma coisa me fez julgar que logo pudesse domá-lo.
   Digo com franqueza, que não soe indelicadeza!

FREDER PAZ
   Se não existisses, teriam de criá-la!

VERÔNICA
   Espera que beleza!

              (colhe uma flor e arranca as pétalas, uma após outra)

   Bem me quer! Sim me quer!

FREDER PAZ
   Zombas de minha vontade com tal ramalhete!
   Quero-te como o anjo, estátua do minarete!

                   (segura sua mão)

VERÔNICA
   Não faças isso, estremeço.

FREDER PAZ
   Ao menos deste olhar é o começo.
   Duma outra forma inexprimível:
   Entrega-se de todo a sentir o prazer,
   Que terno na cabine vou ser!

VERÔNICA (abraça-lhe e soltá-lhe em seguida, e corre; ele hesita um momento, depois a segue.)

JEDÍ (aproxima-se)
   Começa a anoitecer.

CATARINA HELM
   Devemos ir embora.

JEDÍ
   Parece que essa gente não tem ocupação!
   Aonde foi o parzinho? Podia sentir-lhes a excitação.

CATARINA HELM
   Voam em outro caminho agora.

JEDÍ
   Nele o desejo é profundo.

CATARINA HELM
   Nela também. È tal conheci o mundo.







EM PISA.



                                  Verônica entra apressada; posicionada atrás da torre, com os dedos entre os lábios, observa através de uma fresta.



VERÔNICA
   Ele vem!

                (Freder se aproxima)

FREDER PAZ
   Ah garota, pois foges de mim!
   Aqui te encontro enfim!

               (beija-a)

VERÔNICA (abraça-o e retribui)
   Oh adorado namorado, com o coração te quero!

                 (Catarina se aproxima)

FREDER PAZ (irritado)
   O que quer?

CATARINA HELM
   Sou tua amiga fiel.

FREDER PAZ
   Melhor serias Zezebel!

CATARINA HELM
   É tempo de ir embora...

                    (Jedí se aproxima)

JEDÍ
   Caros, está na hora!

FREDER PAZ
   Não vou ainda! Espero...

VERÔNICA
   Eu somente pediria... adeus!

FREDER PAZ
   Devemos mesmo ir? Adeus!

JEDÍ
   Então adeus!

VERÔNICA
   Logo mais te verei!

                          (Freder e Catarina saem)

VERÔNICA
   Deus, mas que tripulante estranho!
   Diante dele sou ingênua e me acanho.
   Não sei o que vê ou quer de mim.

                            (Sai.)





































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