NAPOLI
POMPEI – Mons Vesuvius
Missa, órgão e canto.
ESPÍRITO MAU
Qual sangue rubro a manchar a tua porta,
É de ti sofreguidão? Essa gente em pedra, morta!
Eras inocente, Verônica, oh quanto oravas!
No momento vejo-te errar entre as lavas.
Onde tens o pensamento?
Nossa alma, Vero,
Como o calado Vesúvio,
Dorme em silencio enquanto respeitamos
Os mandos divinos. Contanto, se caso o renegamos
Treme e explode, num momento o terror eclode!
Não minha querida, não te apavoras!
Vejo somente feridas e choras.
Contudo pense nessa cidade,
Que desenvolvida foi-se em calamidade!
Esqueci-te por um segundo, pede a Deus.
Que escuta a todo mundo, ao menos os seus!
VERÔNICA
Dor! dor!
Quisera libertar-me desses maus pensamentos,
Que me esmagam o coração em eternos tormentos!
És culpa minha essa devastação?
Dies irae, dies illa.
ESPÍRITO MAU
Dessas cinzas surjam as chamas,
Soe as trombetas nas alturas,
Ao suplício não te entregas,
E no teu coração, qual Terra, trema em eclosão!
Nil inultum remanebit.
VERÔNICA
Sinto-me sufocar!
Essas colunas em redor, que horror!
Os fornos, o bar, as ruas, as gentes pedras,
Necessito sair, senhor, quero ar!
ESPÍRITO MAU
Até quando queres esconder-te dos teus crimes?
Finge, mas quanto ocultas; suprime desejos sublimes.
Pobrezinha! Melhor vestirias de fera.
Revelá-te no vulcão obscuro ou irá voar pela atmosfera!
Quid sum miser tunc dicturus?
ESPÍRITO MAU
Os anjos desviam de ti o olhar.
Não se enternecem mais ao vê-la passar.
Deverias, de antemão, em joelhos nessas pedras rezar!
Quid sum miser dicturus?
VERÔNICA
Estrangeiros! Estrangeiros!
Por favor, chamem-me os enfermeiros!
(desmaia)
...
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