quinta-feira, 17 de março de 2011

CIVITAVECCHIA - Roma, Italia.



PORTO DI CIVITAVECCHIA


EM ROMA.



BASILICA SAN PIETRO


FREDER PAZ
   Estranhas visões em chamas inalaram.
   Deste-me a natureza de senti-la. Extravasaram,
   Em mim, as relações de realidade enfim!
   Contanto só posso apreciá-la; tê-la fria.
   Assinaste algum contrato da riqueza à nostalgia?
   Conduz-me a caverna secreta e duradoura,
   E diz-me o que sou. A quero tão mau! estoura
   Daqui uma maldição onde estaria a eterna contemplação!

                              (fazendo referência a Catarina)

   Agora percebo, nada é dado perfeito
   Ao teu prazer adorável contanto estreito!
   Elevou-me antes aos deuses, contida atração,
   Tornaste fria, atrevida, horrenda, miserável.
   Os meus nervos me anulam. É da alma a lição!
   Que em idéia sinto o fogo inefável,
   E tenta-me com a imagem da beleza.
   Oscilo do desejo ao gozo em natureza; desgosto!

CATARINA HELM
   Da vida cansaste de provar? Que será da tua existência
   Sem beber da minha experiência? Quer outros doces;
   Novidades procurar? Quem sabe ao mago fosses?

FREDER PAZ
   Por que não deixas de ser vadia
   Em vez de perturbar minha afasia?

CATARINA HELM
   Não expressas a verdade! Enquanto
   Nas mãos cheias posso servi-lo.
   Tudo que te agrada e te faz encanto,
   Pode tê-lo depressa e no nariz cheirá-lo.

FREDER PAZ
   Queres que agradeça a tantos desprazeres?

CATARINA HELM
   És ingrato! Não lembras quanto teve em meus lazeres?
   Do jubilo fastidioso de tua fantasia,
   Dei-lhe a cura e a alegria, em demasia!
   Por que chamas o abismo;
   As escarpas do rochedo?
   O velho em teu corpo ainda jaz, cismo! Credo!

FREDER PAZ
   Sabes tu as forças quais
   Estes teus remédios me traz?
   Adorada transformação que se sentiste,
   Deixar-me-ia restar em respeito, sem riste!

CATARINA HELM
   Prazer supraterreno e nele enfim fartar-se!
   Do éter em moléculas, a tudo abraçar-se,
   Tudo em volúpia e sereno, inspirado, em voltas.
   Gozar com força e orgulho, coisas estranhas, atas,
   Solve-se no todo e em tanta fantasia és profundo,
   Deixar desaparecer que é filho deste mundo...
   E então a intuição, a alta intuição...

                              (faz um gesto de maestro)

   Não saberia mais expressar-me. Tomeis-vos a conclusão?

FREDER PAZ
   Vaias para ela! És insossa e medonha!

CATARINA HELM
   Nunca aqui estive para agradar.
   Porém, não entres em apuros,
   Dizer ante os ouvidos tão puros
   Que, os castos corações, iriam dispensar!
   Podes, nesta ocasião, mentires a ti mesmo.
   Já te vejo de novo conturbado:
   Na loucura do medo, estupor, abobalhado.
   Já chega! Tens ai o teu amorzinho,
   Que por ti sente um amor grandioso,
   Mas transforma logo esse carinho,
   Antes que seque por ti o gozo.
   Essa pobre, afável, tão modesta, vive dia e noite
   A cantar, sem saber que sua ambigüidade clama ao açoite!
   Contudo é sempre amorosa...

FREDER PAZ
   És muito víbora! Sua serpente!

CATARINA HELM
   Ah agora percebo! Isso, à mesma, o sente.

FREDER PAZ
   Vagabunda, vai-te embora!
   E não cites o nome agora, és imunda!
   Não tentes volúpia, sua imagem vazia!
   Minha alma já está, em ti, tamanha a apatia.

CATARINA HELM
   Qual é? Ela já pensa agora que tu não existes!

FREDER PAZ
   Quando penso em seus lábios, doces palpitantes,
   De Deus sei: ela não está distante!

CATARINA HELM
   Sois gêmeos! Lindos! Que pastem pelos matagais.

FREDER PAZ
   Fora, prostituta disfarçada!

CATARINA HELM
   Ao teu insulto dou risada.
   Avante vais! Procure a cama da florzinha.
   Dos que buscam a morte da alegria que tinha!

FREDER PAZ
   Acalentar-me há em seus seios profundos!
   Tirar-me da angústia que me toma, qualquer dos mundos!
   Sem paz jamais na alma, em total cataclismo,
   Lançado furioso em direção do abismo!

   Entretanto ela, os sentidos em calma,
   Juvenil, sobre suave campina, sempre vil
   Nos trabalhos que domina. Ao humilhado espalma!

   Quando eu de Deus sou acaso.
   Tu, inferno, terás mais esse tormento,
   Demônio, o que há de acontecer, aconteça logo!

CATARINA HELM
   Como de novo ferve, de novo se inflama!
   Consola, tolo, a jovenzinha vem a ser ama,
   Porque teu crânio, saída não há encontrado.
   Vive o que é forte, o audaz impera!
   Somos por demais iguais, a isso não superas.
   É belo do homem o que tem de verdade,
   Se me queres, cata-me sem mais alarde!






NA CABINE DE VERO



VERO
   Nunca mais terei paz,
   Sou todo um coração a sofrer.
   Vem cá, meu nobre rapaz,
   Sou tua inteira a tremer.

   E caso nunca mais o tenha,
   Com conversa enlutada, não me venha!

   Minha pobre almazinha transtornada,
   Vive então do estraçalho adornada.

   Vem cá meu nobre rapaz.

   Fico pela escotilha a fitar
   Vou-me embora, vou-me embora!
   Com ele desejo me deitar.

   Sou tua inteira a tremer.

   Imponente figura de tão nobre semblante
   De seus olhos a doçura suga-me num instante.

   Sou todo um coração a sofrer
   Nunca mais terei paz

   Na palavra me trouxe até a sensação.
   Do beijo, tão doce, me fez pura emoção.

   Sou toda mão a chorar!
   Bem quisera abraçá-lo
   Nunca irei abandoná-lo

   Nunca mais terei paz
   Vem cá, oh nobre rapaz!

   Vou trepá-lo tanto, tanto,
   Tanto, tanto quanto almejo,
   E, de ti, saciar-me em eterno lampejo!

   E caso nunca mais o tenha,
   Com conversa enlutada, não me venha.

   Pois o vou fazer tanto,
   Tanto, tanto, tanto.







NA CAPELA SISTINA



(Verônica, Freder.)


VERÔNICA
   Promete, com vigor te imploro!

FREDER PAZ
   Se eu puder, por que não?

VERÔNICA
   Sei que és homem honesto; de boa índole,
   Mas da religião não dás importância, deploro!

FREDER PAZ
   Sentes que te adoro e, por ti, sacrifico corpo e sangue.
   Ouças: jamais ninguém tirarei da fé, mesmo exangue.

VERÔNICA
   Assim não vai bem. È preciso ter fé; crença.

FREDER PAZ
   Faz tanto assim diferença?

VERÔNICA
   Gostaria de ti aplacar os tormentos.
   Não veneras sequer estes santos ornamentos?

FREDER PAZ
   Venero, como dizes que não?

VERÔNICA
   Fazes por pura arte! Aos mandos santos
   És indiferente. Acaso crês em Deus?

FREDER PAZ
   Creio no Deus dos sábios.
   Sua resposta é a benção; esvai-se em falsos lábios!

VERÔNICA
   Então não crês! Oh, jura!

FREDER PAZ
   Não podes compreender, doce criatura.
   O que o Todo fez, a si mesmo não alenta.
   Mergulho meus olhos nos teus olhos puros,
   Pára o coração tão brando ao teu rosto lindo,
   Não és, tu mesma, o mistério intraduzível?
   Que vais do tocável ao invisível?
   Quanto te sentes fartar em beatitude
   Dá-lhe o nome que quiseres:
   Divindade, espírito, infinitude!

   Não dou nome algum,
   Não necessitas de nenhum.

   O nome é apenas um som
   Que esvai-se em seus vapores.

   Enquanto encobrem dos céus seus melhores valores!

VERÔNICA
   O que dizes soa belo! Muito bom.
   O pároco o faz, mas sempre em outro tom!

FREDER PAZ
   Todas as vozes a luz celeste abarca!
   Porém algumas têm da pureza a marca.

VERÔNICA
   Ouvindo-te expressas com muitas razões,
   Mas não há cristianismo em tuas lições.

FREDER PAZ
   Que adorada lembrança.

VERÔNICA
   Há muito me agonia
   Ver-te no navio em tão má companhia.

FREDER PAZ
   Como assim?

VERÔNICA
   A mulher que está sempre ao teu lado,
   Tenho-lhe tanto rancor! Por toda minha lida
   Atrelada, não posso desviar-me de intenso furor!

FREDER PAZ
   Afasta-te desse terror!

VERÔNICA
   Em geral aos seres estimo e respeito,
   Assim como agrada ver-te e te mirar,
   Mas dela tive um horror, suspeito
   Que me parece perigosa só de olhar!

FREDER PAZ
   No mundo sempre há vadias assim.

VERÔNICA
   Não queira me ver com gente tão ruim!
   Olha sempre a zombar; ares de louca toma.
   Na face exibe os traços, todo nela se assoma
   Que nenhuma alma humana ela é capaz de amar!
   Assim como me sinto feliz em teus braços,
   A diabólica parece que se usa de todos os laços,
   Que sua presença me aperta do coração ao mar.

FREDER PAZ
   Tens, como os anjos, bom pressentimento!

VERÔNICA
   Quando ela caminha e passa a olhar-nos,
   Parece que não mais te amo e algo vai separar-nos!
   Próxima disto, orar não mais consigo.
   Pergunto-me se isso irá acontecer contigo?

FREDER PAZ
   Tenho por ela secreta e profunda aversão.

VERÔNICA
   É tarde, vou-me embora!

FREDER PAZ
   Nessa redoma de imenso afresco,
   Pergunto-te: jamais repousarei em tua cabine?

VERÔNICA
   Ah se eu dormisse a sós!
   À noite estaria aberta,
   Mas se hoje estivesse em minha companhia,
   Não poderia esconder-te, na coberta, da tirania!

FREDER PAZ
   Nada disso será preciso! Com as forças da natura,
   Logo estará comigo segura, em outra cama e pura.

VERÔNICA
   Que não faria eu para ser-te agradável?
   Espero que ao esperar, nenhum mal lhe produza!

FREDER PAZ
   Querida, já sou capaz das coisas mais escusas!

VERÔNICA
   Não sei que coisa ou encanto me impele a concordar.
   Por ti hei feito tanto, em verdade não tenho mais como recusar!

                                 (Aparece Catarina.)

CATARINA HELM
   Atrapalho?

FREDER PAZ
   Estás a espionar, descabida?

CATARINA HELM
   Que te faça proveito o teu desejo,
   As mocinhas de hoje querem saber se és perfeito
   À forma antiga. Canta comigo está cantiga: dá-te e está feito!

                               (Verônica afasta-se e sai.)

FREDER PAZ
   Tu não vês, bisca libertina,
   Que essa alma ainda é pura e leal!
   Cheia duma fé real
   Apenas preocupa-se da benção divina.
   E sofre e clama,
   Ao pensar em perder quem ama!

CATARINA HELM
   Oh! Poupe-me e sejas mais sensual!
   Arrasta essa mocinha do modo animal.

FREDER PAZ
   Filha gerada em fogo e devassa cama!

CATARINA HELM
   Meu semblante lhe inspira um mal estar medonho.
   Ela sente que sou um gênio, algum mau sonho!

   Talvez penses, sou o demônio.

FREDER PAZ
   Acaso te interessa o que pensas, o meu sonho?

CATARINA HELM
   Nisso tudo também sinto os meus bons prazeres!

                               (Saem.)







À FONTANA DI TREVI



Estão presentes Angela, uma recepcionista, e Vero, a papear.



ANGELA
   Ouviste o que dizem da bailarina?

VERÔNICA
   Nada ouvi. Não freqüento tais grupinhos.

ANGELA
   Deixou-se seduzir, afinal a menina.
   É o que produz uma educação tão fina!

VERÔNICA
   Como assim, não entendo?

ANGELA
   Comem e bebem a dois, fartam-se à vontade!

VERÔNICA
   Não há nada que os impeçam?

ANGELA
   É bom que isso aconteça,
   Quanto tempo viveu como arrumadeira!
   Agora quando passeia, por todos quer passar por primeira.
   Julgava-se em beleza a tudo inexcedível.
   Vai então sem critério e sem vergonha, é incrível!
   A receber presentes, mimos do capataz!
   Foi-se embora em agradinho, no oficial jaz.

VERÔNICA
   Que pena a companheira tripulante.

ANGELA
   Inda lamentas! Agora é pura amante.
   Enquanto nós nos matamos com a limpeza,
   Os oficiais nos impedindo com dureza,
   Ela está com o amado à vontade,
   No banco, em frente à porta, em sombrias aléias,
   As horas nunca mais longas, e a beleza das atéias!

   Chegada à hora em que deve humilhar-se,
   Corre logo a igreja para penitenciar-se!

VERÔNICA
   Na certa vai casar-se, e assim se recupera.

ANGELA
   Só se fora imbecil, de jovem tão esperto.
   Acharás por aqui muitos prazeres;
   Lazeres, que logo a abandona, visto e certo!

VERÔNICA
   E isso é muito feio.

ANGELA
   Ela o tem novamente, arrancam-lhe a grinalda,
   Que importa? E a transformam em gerente da alta.

                               (sai.)

VERÔNICA (dirigindo-se à fonte)
   Não gosto de julgar com peçonha
   Quando se entrega uma moça risonha.
   Acho do pecado alheio, vago em palavras,
   Insuficientes em meus lábios, não grande erro!
   Benzia-me num gesto grande e medroso
   Contanto estou agora á espera do gozo.
   Mas tudo me levou a esse passo,
   Meu Deus, como é belo, amoroso e devasso!







BASILICA DI SANTA MARIA AD MARTYRES



                                               Em um mural para Santa Maria dos Mártires, cercada de imagens sagradas. Verônica dispõe flores novas num jarro.



VERÔNICA
   Oh Maria ad Martyres,
   Depositas teu olhar em minha ansiedade!

   Com mil dores estou magoada,
   Vês morrer uma filha amada.
   Oh tens piedade do meu suspiro
   Bom e terno suspiro!
   Imploro de ti paciência ao Eterno.

   Ninguém se apraz da alma lacerada,
   Dor que me insegura o peito a tremer.
   Meu coração amedronta-se tanto, tanto, tanto.
   Temo o momento, a dor e ao espanto!

   Somente tu o alcanças e hás de compreender!

   Imploro e choro! Que terror, que dor!

   No frescor da aurora, santo,
   Recolhi-me e toquei-me em canto.

   Mal meu quarto clareava,
   Com tanta aflição no meu seio,
   O sol, bem cedo me amava.
   Já sentada na minha seiva, creio.

   Socorre! Vem salvar-me, oh vergonha, oh morte!
   Inclina piedosa,
   Oh Maria ad Martyres,
   Tua face bondosa em minha ansiedade.

 
 
 
 
 

É NOITE

NO PORTO DE CIVITAVECCHIA




VALENTIM (oficial, apaixonado por Verônica)

   Quando sentava-me em rodas a beber,
   Os rapazes exaltavam e pediam o nome da mais pura.
   Molhavam os elogios com os copos, pode crer?
   Escutava com calma e sem receios toda aquela loucura.
   Então escolhia a mais bela delas e, feito agora, urrava:
   - Que escolha cada qual como quiser! E saltava
   Ao lado da mulher, a mais bela em todo o Oceano.
   Atualmente é somente à Verônica que chamo.
   Saldamo-nos: Topp! Kling, Kling!
   Alguns logo bradam que tenho total razão:
   A Verônica é a flor de toda a tripulação!

   Hoje hei que puxar e arrancar os cabelos,
   Como louco subir a parede em apelos,
   E qualquer vagabundo que a deseja o diz!

   Não posso, todavia, chamar-lhes mentirosos viris.
   Quem vem de lá a estibordo?
   A ele esgano e logo faço fardo.
   Vivo não saíra jamais daqui!

                                    (Freder e Catarina se aproximam.)

FREDER PAZ
   Dissipa em redor tempestade feia.
   Assim o caçador estende a teia.

CATARINA HELM
   Pois eu não temo assim.
   Com meu dorso acaricio a muralha nua,
   Em mim vai tudo bem a carne crua.
   Já me incendeia o corpo a lembrança
   Da Noite de Walpúrgis em toda sua transa.
   Dentro de dois dias restará
   O que se vela a reza colherá!

FREDER PAZ
   E lá na festa teremos esse tesouro,
   Que há pouco vi com ti, branco em ouro?

CATARINA HELM
   Como nunca o viste em tuas mãos!
   Já dei-lhe uma provadela pouco antes.
   Vi vulcões dourados como raposas fulgurantes,
   Tome cuidado! Esse não é para iniciante, não!

FREDER PAZ
   Poderei com o lucro adornar minha bela amante,
   A torná-la de humilde e rala uma elegante!

CATARINA HELM
   Quem sabe o consiga com pérolas.

FREDER PAZ
   Isso é ideal das belas às feras.
   Devo visitá-la e dar-lhe o mimo.

CATARINA HELM
   Escutas com prazer uma obra-prima
   Da arte que te ensino.

                           (canta na euforia do remédio)

   Que fazes a esta hora Catarinazinha,
   Toma cuidado com os excessos na cozinha.
   Qual donzela entrarás, como tal não sairás!

   Sendo tudo consumado, adeus mocinha,
   Se lhe tens tanta afeição, não te entregues ao ladrão.
   Nada dês ao amor que é cedo, a não ser com anel no dedo!

VALENTIM (aproximando-se)
   Que fazes pó aqui? Agora te arrebento?

CATARINA HELM
   Espatifou a cantiga o desvairado.

VALENTIM
   Ficas longe que só entrego esse ao teu lado.

CATARINA HELM
   Estás bêbado, seu tapado!

VALENTIM
   Defenda-a agora então, rapazote?

FREDER PAZ
   Deixas disso e vais curar-te, seu banal.

VALENTIM
   Olhas bem o olho desse oficial
   É o último que verás...

FREDER PAZ
   Acerta!

            (Catarina acerta o homem com um artifício de amarrar navio)

VALENTIM
   O diaba,vejo que tudo se acaba.

CATARINA HELM
   Então dormes em toda massa

VALENTIM (caindo)
   Da bebida foi-se toda graça!

FREDER PAZ
   O idiota terá estrondosa ressaca e nada saberá.
   E nós fujamos a sumir daqui e logo!
   Saio-me bem no ambiente naval
   Mas melhor prevenir, sendo um oficial.

JEDÍ (do sétimo deck)
   Socorro! Homem ao chão!

VERO (da proa)
   Trazei um enfermeiro!

JEDÍ
   Como ofendem e se matam em vão!

POVO
   Aqui há um corpo. Viram?

JEDÍ (saindo)
   Arruaceiros se foram?

VERO
   Quem cai assim no chão?

POVO
   O nosso querido irmão!

VERO
   Oh Deus, que perdição!

VALENTIM (acordando)
   Mulheres, por que tanto choro e tormento?
   Fui atacado e logo rechaçado!
   Vende perto de mim, Vero, escutai o meu lamento!

                   (as mulheres se aproximam em círculo.)

   Minha Veronicazinha, és jovem e sem prudência,
   A vida reges mal, com liberdade e demência!
   Viraste boa vivant?, vai tudo bem contigo?

VERO
   Meu caro oficial! meu Deus! Mereço esse castigo?

VALENTIM
   Deixa nosso senhor fora dessa tormenta!
   O que aconteceu é fato consumado.
   O que ocorreu jamais será evitado!
   Entregaste a um, escondida e medrosa,
   Logo mais outros virão a ti, fogosa!
   E depois que uma dúzia houver saciado,
   És de todo o navio, um namorado!

   Onde nasce a vergonha expõe-se a luz nua.
   Nem por isso é mais bela, dando-se na rua!

   Mais e mais procura extravagante o coito,
   Pensamos até domá-la no açoito!

   Todos os honrados e dignos embarcados
   De ti, oh meretriz, se afastarão calados!
   Não verão em teus olhos imaculado tesouro,
   Nem poderás dobrar-te em cântico ao ouro!

   O teu corpo na igreja, ante o sagrado altar,
   Não podes deleitar-te e pedras irão jogar-te.
   Talvez de Genì, pela noite, podem clamar!
   Entre pobres mendigos, tristes aleijados, és dada!
   Poderás no céu um dia ser perdoada,
   Mas na terra não escapas de toda armada!

JEDÍ
   Pedes perdão! O que queres com blasfêmias, beberrão?

VALENTIM
   Mulher alcoviteira e infamante vil!
   Sobre teu corpo estéril, almejo justa redenção!

VERO
   Oh que furor do inferno! Logo me interno!

VALENTIM
   Deixas as lágrimas de lado
   Que saístes da honra e se deste ao pecado!
   Deste de antemão um golpe certeiro,
   Mas sou o bravo oficial, não me falta celeiro!






 Basilica San Pietro - Roma - Italia

 Basilica San Pietro - Roma - Italia

 Basilica San Pietro - Roma - Italia
Basilica San Pietro - Roma - Italia



 Italia Antiqua, Musei di Vaticani - Roma - Italia




Italia Antiqua, Musei di Vaticani - Roma - Italia
 Italia Antiqua, Musei di Vaticani - Roma - Italia




 Fontana di Trevi - Roma - Italia



 Basilica di Santa Maria Ad Martyres




 Istanbul non molto - Roma. Italia



 Roma. Italia


 Coliseo - Roma - Italia


 lumini - Roma - Italia

autor





...

Nenhum comentário:

Postar um comentário